A alegria é expansiva, ela avigora a circulação, aquece, dá calor ao corpo, anima e robustece o organismo, mantém a saúde, prolonga a vida. A tristeza, ao contrário, é reconcentrada; ela retarda a circulação, arrefece, tira calor ao corpo, desanima e enfraquece o organismo, arruína a saúde, encurta a vida. Mas, como os extremos se tocam, e todo o excesso é mau, se a deprimente tristeza é funesta à existência, a alegria, quando excessiva, materializada, nada racional, não o é menos, pode até fulminar. Por Dr. Antonio Pinheiro Guedes - livro Ciência Espírita.

A vontade - Por Dr. Antônio Pinheiro Guedes

A vontade é o dínamo e a bobina psíquica.

A vontade é a energia, a potência, a atividade da força inteligenciada em ação, agindo, operando; a capacidade de reagir e opor reação; não só ao mundo externo, repelindo, anulando sua influência, seus efeitos, pela produção de outros em contraposição àqueles; mas também, e principalmente às solicitações íntimas, quer às que nascem dos instintos e apetites quer às que provêm das necessidades corporais.

A vontade é a potência biomagnética inteligenciada; ela é na essência a polarização, pois que é no fundo um impulso, em última análise, um movimento. Ela já se manifesta nos animais os mais inferiores; porquanto certos fenômenos da nutrição — a procura e a apreensão dos alimentos — se não efetuariam sem a sua intervenção.

A vontade evolui na série animal; a princípio é um simples movimento reflexo, semelhante à distensão de uma mola; depois, um impulso instintivo, verdadeira descarga elétrica; afinal, um ato refletido, consciente, livre; ao qual precede: a apreciação das circunstâncias, análise das condições, deliberação e decisão.
Confunde-se ordinariamente a vontade com o desejo e o apetite; e essa confusão, que se nota com frequência no trato vulgar, observa-se também, não só na conversação de pessoas instruídas, mas igualmente o que é menos tolerável, até em produções de literatos e homens de ciência; assim se diz e escreve-se tenho vontade de dormir, de chorar, de comer, etc., quisera vê-la, quero falar-te; tenho vontade de sonhar com ela; tenho vontade, mas não posso satisfazer tal necessidade corporal.

O emprego do vocábulo — vontade — é errôneo em todas essas frases; e nem só incorreto, mas antagônico.

A vontade se manifesta, ao contrário, no ato de oposição ou resistência à satisfação de um desejo; na insubmissão às solicitações tanto orgânicas como psíquicas. Isso sim, é ter vontade.

Ter vontade é ser forte, saber resistir a todas as tentações; quer mundanas — materiais e sociais, quer anímicas.
A vontade é o alicerce do caráter; é a pedra angular em que ele se firma. Pela vontade o espírito torna fecundos os atos da inteligência.

Aqui, a oficina intelectual trabalha com todos os seus instrumentos, alumiada, esclarecida pela razão; depois o tribunal supremo, a consciência moral delibera, julga em última instância, e lavra a sentença — absolutória ou condenatória; o livre arbítrio decide pró ou contra; a vontade executa.

O poder executivo é, na organização social, o símile da vontade no ser humano.

A vontade
Por Dr. Antônio Pinheiro Guedes

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